domingo, 23 de setembro de 2012

Abundância

As máquinas e as novas tecnologias permitem ao homem do século XXI, produzir alimentos, vestuário, utensílios e maquinaria diversa com grande abundância, e sem necessidade de grande número de trabalhadores. Há máquinas para tudo. Na agricultura um simples trabalhador especializado consegue produzir a mesma quantidade de alimentos que produziam centenas de agricultores há 50 anos atrás. Uma fábrica de mosaicos cerâmicos funciona com meia dúzia de operários. De um lado entra a argila e os outros componentes químicos e do outro saem milhares de mosaicos já embalados. As autoestradas tem máquinas que falam para nós pagarmos as portagens. 
Ora isto significa que numa sociedade equilibrada, a maioria das pessoas estaria confortavelmente no desemprego ou reformados, a desenvolver actividades criativas, artísticas e de lazer (sem culpa), enquanto as máquinas trabalhavam para o bem de todos.
Porque é que não é assim? Para onde vai a riqueza produzida pela produtiva tecnologia dos nossos dias? Porquê?


Desempregados, reformados e incapacitados
Claro que uma parte do Produto Interno Bruto de um país é distribuído por quem não pode ou não quer trabalhar mas isso é apenas uma fatia menor do bolo. Encontramos sim uma quantidade crescente de gente sentada nas esplanadas de cafés ou em bancos de jardim ao longo do dia, sem fazer nada e a tendência é aumentar.

Empresas
Muita da riqueza produzida pelas empresas vai para as próprias empresas que querem continuar a investir na inovação contínua dos seus produtos e serviços, ou vai para o patrão que se vai tornando milionário ou, nalguns casos vai para a grande massa de trabalhadores menos especializados que, por razões de princípio, a empresa não quer ou não pode despedir.

Governos
Ao longo do processo de crescimento, os países foram também crescendo o seu sistema administrativo de governo e criaram grandes e dispendiosas estruturas de gestão de que não conseguem desfazer-se. Os governos sucedem-se mas, dado que esta questão retira votos, quase nada conseguem fazer para reduzir substancialmente os custos da despesa pública.
Os impostos escandalosamente elevados são a forma dos governos retirarem a riqueza à nossa sociedade da abundância e assim alimentarem uma pesada máquina de gestão inventada pelos sucessivos governos do passado.
Num planeta em paz os governo futuros estarão concentrados essencialmente na gestão da distribuição da riqueza aos cidadãos e no controle ambiental.

Vaidade e imagem
Os grandes designers de moda, as cadeias de produções audiovisuais, o cinema, as empresas de produtos de beleza, publicidade e marketing, recolhem para si uma fatia importante da riqueza gerada pela nossa actual sociedade. O futebol, por exemplo, deixou de ser apenas desporto para ser, tal como o cinema ou a política um fenómeno de estrelato e fama e um negócio de vaidade e imagem.

Negócios do medo e da longevidade
Os seguros, os bancos, as forças armadas e as forças de segurança, as instituições de saúde e apoio social e mesmo as religiões, tudo o que tenha a ver com o mais profundo medo do ser humano - a morte - são as outras áreas que atraem grande parte da riqueza da nossa actual sociedade da abundância.
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O sofrimento é afrodisíaco. Quem sofre gosta muitas vezes de inventar formas de manter esse sofrimento das formas mais irracionais que se possam imaginar.
Mas ... numa sociedade de abundância, basta cultivarmos a felicidade e o bem estar, sem medo, e todos podemos ser, à semelhança de Deus, cada dia, todos os dias, talentosos poetas!


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