domingo, 13 de abril de 2014

Garanto que estou saudável!?

Tomei consciência há dias que, perante a sociedade, só um profissional de saúde tem competência para garantir a minha saúde ou a minha doença. Se eu chegar ao trabalho e disser que estou doente e quero ir para casa, só com um comprovativo de um médico acreditam em mim. Se precisar inscrever-me num ginásio ou numa piscina a situação é semelhante, desta vez não tenho competência para garantir a minha saúde. Só um médico pode comprovar que estou apto para a prática desportiva.
Tudo isto veio a propósito de uma ideia para uma aplicação de software que permitisse ao cidadão normal descrever como se sentiu ao tomar uma determinada medicação e assim partilhar com outros a sua experiência. A satisfação do cliente é uma métrica muito utilizada por quase todas as empresas no sentido de ir melhorando os seus produtos e o seu sucesso de vendas. Mas, no sector farmacêutico as coisas parece que estão num estágio diferente. Quem é o doente para dizer como se sente ao tomar um dado remédio? Só o profissional de saúde é que pode prestar com verdade e rigor esse tipo de informação. Aliás, pensando melhor, nem é o médico que vai dizer que um doente está curado mas sim uma máquina de radiografias ou um laboratório químico. A nossa saúde e a nossa doença são hoje meros padrões químicos e fotográficos, tirados num dado instante, bem como estatísticas que dizem como foi que uma dada doença evoluiu no passado.
Um sistema de saúde montado, desta forma, apenas nestes componentes é um sistema muito pobre e sujeito a grandes erros. Estou convencido que deve haver um número elevado de pessoas que morre, todos os dias, nos nossos hospitais, devido ao pobre processo de cura e não da doença. No entanto, jamais terá competência para dizer à família, aos amigos e à sociedade, que se sentiu mal com um dado medicamento ou uma dada terapia. 
A saúde é uma arte e creio mesmo que Deus, um dia, vai inspirar os homens a melhorar este processos, não só com tecnologia mas também através da sua poesia.

domingo, 9 de março de 2014

Ver para crer

Olhávamos para o céu à noite e observávamos aquela luz cintilante que se deslocava lentamente numa dada direcção.
- É um avião! - disse ele com toda a certeza.
- Eu vejo apenas uma luz cintilante - disse eu - o que te leva a crer que é um avião?
- Tenho a certeza que é uma avião!
- E se eu te disser que são 200 pessoas sentadas dentro de uma coisa metálica com asas?
- Sim, também pode ser.
- Então quer dizer que uma luz cintilante podem ser pessoas?
- Sim
- E se eu te disser que uma pessoa pode ser luzes cintilantes?
- Isso já é mais difícil de acreditar
- Acreditas só no que vês? Como São Tomé?
- Sim
- Então quer dizer que viste 200 pessoas no céu?
- Não, acredito que era um avião e por isso deduzo que leva pessoas.
- Então acreditas também no que deduzes, certo?
- Certo.
- Então acreditas em mais do que aquilo que vês, certo?
- Tens a mania que és filósofo ou quê?
- Não, só queria entender quantas coisas acreditas mesmo sem ver.
- Por exemplo?
- Ondas electromagnéticas, vírus, bomba atómica, vida após a morte, cura através das mãos,...
- As 3 primeiras acredito
- Porquê?
- Porque estão demonstradas cientificamente e eu vejo e sinto os seus efeitos.
- Então já sentiste os efeitos de uma bomba atómica?
- Claro que não mas... vi vídeos de explosões...
- Também há vídeos sobre conversas com falecidos e ...
- Isso é tudo treta! É uma montagem ou, no máximo, feito através do cérebro, telepatia, coisas assim
- Então acreditas na transmissão de pensamento?
- Quer dizer... é mais fácil acreditar nisso do que na vida após a morte.
- Porquê?
- Porque quando morremos acaba tudo.
- Já viste?
- Claro que não
- Então é outra coisa que acreditas sem ver, certo?
- Tens a mania que és Deus, pá!
- Eu, nunca vi mas... acredito que Deus é um poeta.