sábado, 29 de setembro de 2012

Amados Tugas

Há cerca de 100 anos vivia-se muito mal em Portugal. A água potável corria só em algumas fontes, as casas eram maioritariamente pouco confortáveis e higiénicas, quase não havia saneamento básico, nem electricidade nem gás, a comida era pouca e muitas pessoas, incluindo crianças, morriam precocemente de várias doenças básicas como a pneumonia ou a tuberculose. As estradas eram precárias e as ferrovias ligavam apenas algumas cidades.
Enviei-vos então Maria até Fátima, em 1917, para ouvir os vossos desejos e para vos pedir que rezásseis muito e se perdoassem uns aos outros. Como se portaram bem fui-vos dando ao longo dos anos inspiração para conseguirem tudo o que me foram pedindo. Água potável em algumas casas e mais tarde em todas as casas. Electricidade primeiro em algumas habitações e depois em todas. Saneamento básico com sanita, duche e lavatório, gás, fogão, lava louça e mais tarde máquina de lavar louça, tanque e depois máquina de roupa. O frigorífico veio também por essa altura e permitia guardar alimentos frescos durante vários dias e congelados durante vários meses além de vos dar o prazer de um bom refrescante nos dias quentes de verão. A electricidade abriu as portas não só à iluminação como à música e notícias do rádio e a imensas novas máquinas desde ferros de engomar, torradeiras, ventoinhas, aspiradores ou batedeiras. A televisão também chegou a todas as vossas casas, primeiro a preto e branco e mais tarde a cores, primeiro em caixas de grande profundidade e mais recentemente de ecrã plano. Ao conforto da vossa casa chega hoje em directo o jogo de futebol do vosso clube favorito ou a procissão das velas em Fátima. Dada a vossa grande falta de tempo, dei-vos também há alguns anos o microondas e os robots de cozinhar. A internet, o facebook e o iPad foram algumas das mais recentes ofertas que vos fiz para vos aproximar ainda mais uns dos outros, saciar a vossa sede de conhecimento e comunicação e preencher ainda mais a vossa satisfação e alegria de viver.
Antes destes 100 anos a vida decorreu quase sempre calma e rotineira. Os filhos copiavam a vida dos pais e com evoluções muito lentas entre gerações.
Mas, neste último século, eu decidi dar-vos resposta para quase todos os vossos sonhos. Desde a liberdade de opinião, passando pela igualdade de direitos entre homem e mulher até à possibilidade de voar ou navegar em segurança para outras paragens do planeta, desde o acesso a quase toda a informação rápida e gratuitamente até à comunicação sem fios entre quase todas as pessoas do mundo, desde a cura de muitas doenças até ao sexo sem gravidez, de tudo fiz para satisfazer todos os vossos mais profundos desejos. Por exemplo o sonho de ter um automóvel está concretizado para quase todos os que assim quiseram. Algumas famílias têm 2 e 3 viaturas à porta de casa. As estradas e auto-estradas que vos inspirei a construir nas últimas décadas, são de excelente qualidade e vocês conseguem ir e voltar, no mesmo dia, a qualquer ponto do país. Dei-vos também o GPS para vos guiar no caminho. Eu não quero mesmo que vocês se percam!
Muitas de vós possuem boas casas de betão, com muito conforto em qualquer época do ano, com ar condicionado ou aquecimento central, e não precisaram de as comprar a pronto antes de lá viverem nelas.
Muitos espectáculos de música e arte são gratuitos em várias localidades.
Muitos de vós podem ir ao café todos os dias e outros podem ter empregada doméstica, comer fora de casa ou viajar para longas paragens com tudo incluído.
Hoje dou-vos alimentos frescos variados e deliciosos, em grande quantidade, com prazos de validade afixados, a preços muito baixos. Com 1 Euro que peçais a alguém na rua podeis comprar um saboroso cheeseburguer ou um suculento melão. Um pacote de leite dura mais de 3 meses à temperatura ambiente. A água potável encontra-se disponível, há muitos anos, gratuitamente em muitos lugares públicos. As doenças mais básicas foram erradicadas ou têm uma cura fácil e gratuita. Claro que apareceram outras terríveis mas, a esperança média de vida quase duplicou. Há 100 anos uma pessoa de 50 anos era considerada velha, já quase no fim da vida. Hoje é quase sempre considerada uma pessoa de meia idade, ainda cheia de vida e de sonhos por realizar. Há 100 anos era proibido o divórcio, hoje é proibida a violência doméstica. 
Há 100 anos eram poucos os que sabiam ler e escrever, hoje quase não há analfabetos além de que há milhares de doutores e engenheiros, de todas as classes sociais, a formar-se, todos os anos, nas nossas universidades. Há 100 anos cada um de vós nascia, vivia e morria quase sempre na mesma localidade ou região, hoje é raro aquele que não tenha já ido à praia no verão bronzear-se ao sol,  refrescar-se no mar, ou esquiar na Serra da Estrela no inverno.
Acabei com as guerras coloniais onde muitos dos vossos filhos perderam a vida e com quase todas as guerras no mundo mais civilizado. Criei para vós um sistema de apoio ao desemprego, à doença crónica, à reforma e à velhice como nunca existiu em toda a vossa história. O Dom Afonso Henriques de certeza que se orgulharia de toda esta evolução se viesse cá visitar-vos nos dias de hoje. Muitos dos seus descendentes, tal como os vossos avós, tiveram que trabalhar toda a vida até morrer.
Ainda tenho algumas coisas que vos quero satisfazer tais como o equilíbrio financeiro, social e ambiental ou a cura de certas doenças mas, de um modo geral, acho que fiz muito por vós neste último século. 
Se me permitem um conselho, acho que deviam emagrecer um pouco, fumarem menos, abraçarem-se, rirem mais e não terem medo da Troika nem da austeridade, para serem mais saudáveis e felizes, mas o livre arbítrio é todo vosso.
Alguns pensam que tudo o que têm foram conquistas pelas quais tiveram que lutar mas a verdade é que antes dos últimos 100 anos as suas presumíveis lutas não deram estes resultados tão fabulosos. Porquê?
Espero que estejais gratos e que continueis a portar-vos bem.
Obrigado também pela vossa colaboração.
Amo-vos.muito e quero de todo o coração que sejais todos felizes e que viveis em paz e amor.
Bem hajam amados Tugas!

domingo, 23 de setembro de 2012

Abundância

As máquinas e as novas tecnologias permitem ao homem do século XXI, produzir alimentos, vestuário, utensílios e maquinaria diversa com grande abundância, e sem necessidade de grande número de trabalhadores. Há máquinas para tudo. Na agricultura um simples trabalhador especializado consegue produzir a mesma quantidade de alimentos que produziam centenas de agricultores há 50 anos atrás. Uma fábrica de mosaicos cerâmicos funciona com meia dúzia de operários. De um lado entra a argila e os outros componentes químicos e do outro saem milhares de mosaicos já embalados. As autoestradas tem máquinas que falam para nós pagarmos as portagens. 
Ora isto significa que numa sociedade equilibrada, a maioria das pessoas estaria confortavelmente no desemprego ou reformados, a desenvolver actividades criativas, artísticas e de lazer (sem culpa), enquanto as máquinas trabalhavam para o bem de todos.
Porque é que não é assim? Para onde vai a riqueza produzida pela produtiva tecnologia dos nossos dias? Porquê?


Desempregados, reformados e incapacitados
Claro que uma parte do Produto Interno Bruto de um país é distribuído por quem não pode ou não quer trabalhar mas isso é apenas uma fatia menor do bolo. Encontramos sim uma quantidade crescente de gente sentada nas esplanadas de cafés ou em bancos de jardim ao longo do dia, sem fazer nada e a tendência é aumentar.

Empresas
Muita da riqueza produzida pelas empresas vai para as próprias empresas que querem continuar a investir na inovação contínua dos seus produtos e serviços, ou vai para o patrão que se vai tornando milionário ou, nalguns casos vai para a grande massa de trabalhadores menos especializados que, por razões de princípio, a empresa não quer ou não pode despedir.

Governos
Ao longo do processo de crescimento, os países foram também crescendo o seu sistema administrativo de governo e criaram grandes e dispendiosas estruturas de gestão de que não conseguem desfazer-se. Os governos sucedem-se mas, dado que esta questão retira votos, quase nada conseguem fazer para reduzir substancialmente os custos da despesa pública.
Os impostos escandalosamente elevados são a forma dos governos retirarem a riqueza à nossa sociedade da abundância e assim alimentarem uma pesada máquina de gestão inventada pelos sucessivos governos do passado.
Num planeta em paz os governo futuros estarão concentrados essencialmente na gestão da distribuição da riqueza aos cidadãos e no controle ambiental.

Vaidade e imagem
Os grandes designers de moda, as cadeias de produções audiovisuais, o cinema, as empresas de produtos de beleza, publicidade e marketing, recolhem para si uma fatia importante da riqueza gerada pela nossa actual sociedade. O futebol, por exemplo, deixou de ser apenas desporto para ser, tal como o cinema ou a política um fenómeno de estrelato e fama e um negócio de vaidade e imagem.

Negócios do medo e da longevidade
Os seguros, os bancos, as forças armadas e as forças de segurança, as instituições de saúde e apoio social e mesmo as religiões, tudo o que tenha a ver com o mais profundo medo do ser humano - a morte - são as outras áreas que atraem grande parte da riqueza da nossa actual sociedade da abundância.
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O sofrimento é afrodisíaco. Quem sofre gosta muitas vezes de inventar formas de manter esse sofrimento das formas mais irracionais que se possam imaginar.
Mas ... numa sociedade de abundância, basta cultivarmos a felicidade e o bem estar, sem medo, e todos podemos ser, à semelhança de Deus, cada dia, todos os dias, talentosos poetas!


Gripe - pode ser sorte, pode ser azar

No último dia de férias o João engripou-se, mesmo com rinorreia, tosse e febre.
Depois de 2 semanas ausente do trabalho, não quis faltar e lá foi, mesmo doente, para uma reunião importante, que azar, logo às 9h da manhã com mais de 10 pessoas. 
Se tivesse faltado, diriam: - Pois, tantos dias fora e faltou logo no 1º dia! Que grande sorte!
Mas ele foi e então pensaram: - Vem para aqui infectar as pessoas, era melhor ter ficado em casa, que inconsciência, que azar!
E foi mesmo azar pois 5 das pessoas ficaram doentes logo na primeira semana de Setembro.
Mas afinal até foi bom assim, pois essas (e as outras pessoas) parecem ter ficado vacinadas e nesse inverno na empresa, quase ninguém ficou doente. Que sorte! - pensavam as pessoas - afinal pouparam-se muitas horas de ausências, graças às gripes prematuras do final do verão.
No entanto, passado um ano, como tinham passado bem o inverno passado, ninguém se vacinou e, azar! Nesse inverno metade da empresa esteve doente quase metade do tempo. A culpa é do João que, no ano passado, nos vacinou com o seu contágio, passámos um inverno óptimo e, este ano, nem nos lembrámos da vacina!

Colchão


Muitas pessoas passam uma vida muito sedentária, quase todo o dia sentadas ao computador, não fazem exercício, fumam, bebem, alimentam-se mal, têm excesso de peso, deitam-se tarde e acumulam stress, a toda a hora, tanto no trabalho como no lazer, desde que se levantam até que se deitam. Quando chegam à cama é que a coisa se complica. Desde a ansiedade até às dores no corpo tudo são problemas que ganham ali a sua máxima expressão. Parece mesmo terem tido a sua origem ali naquele espaço. E então tudo se concentra ali. Não sabem onde, pois não? Pois é, mesmo ali. No colchão!
O colchão reflecte a expressão do que sentimos, quando levamos a nossa vida à máxima confusão!
E ... eis então que surge a solução! 
A máxima tecnologia, o maior conforto a maior perfeição, tudo, tudo, num simples colchão!
Os construtores de colchões que há 100 anos apenas tinham os enchimentos de lã, linho ou camisas de milho, perceberam a evolução dos seus clientes e têm hoje uma oferta muito sofisticada que resolve quase todos os problemas de toda a gente! Espectacular negócio! Excelente marketing!
Desde 100 euros para um colchão de esponja básica, passando pelas molas clássicas, poliuretano, latex, molas ensacadas e viscoelástico, até aos 3.000 euros de um topo de gama com dureza diferenciada conforme a área e a posição de quem se deita, há de tudo! Revestimento de algodão mas, atenção ! É anti ácaros e resistente à água! Tem aloe vera ou cachemira.
E se for magnético? Ou de água? Não será melhor ainda? E aquecido?
...
Acha que vale a pena todo este investimento?
E que tal ter mais um pouco de atenção à sua vida ao longo do dia? Ao seu interior, às suas emoções, ao que inspira, come e bebe, ao que trabalha, ao que se movimenta ...
É só uma sugestão!
Senão... lá se vai um dinheirão ... pó colchão!