sexta-feira, 17 de junho de 2016

Teres Humanos

Num planeta perdido algures no espaço, no meio de 100 mil milhões de galáxias, habitam uns seres que acreditam ser aquilo que têm. São os chamados Teres Humanos. 

Por isso se referem a quase tudo o que os rodeia como "meu". O meu país, a minha casa, a minha família, o meu dinheiro, o meu carro, o meu telemóvel, o meu emprego e até dizem o meu corpo, o meu filho ou o meu curso. Para tal criaram uma infinidade de entidades que certificam a sua crença profunda: Notários, registos, bancos, governos, empresas de telecomunicações e outras. Como vivem numa dimensão relativa comparam-se uns com os outros e admiram-se, veneram-se ou repudiam-se e invejam-se pelo que uns e outros têm. Um ter humano é mais importante que outro pelo país em que nasceu, o curso que tirou, o corpo que tem, o cargo que ocupa no emprego ou os terrenos, casas,  dinheiro que  estão registados em seu nome.

São poucos os Teres Humanos que sabem quem são. Alguns mais despertos já sabem que não são nada e são tudo, porque a sua existência nada mais é que uma partícula divina que, algures no tempo e espaço, decidiu ter uma experiência dual. Talvez por curiosidade ou ignorância resolveu separar-se da fonte mas o seu poder continua infinito e tudo e todos à sua volta são afetados pelo seu ser.
No entanto a experiência na matéria e a sensação de separação parece tão real que ele começa cedo a acreditar que a posse de coisas externas ou títulos é eterna e dá felicidade. Não é e não traz. Felicidade é a consciência do ser como algo eterno e não dual, perfeito, infinito, imutável e luminoso. Amor, Deus, Infinito invisível ou Ser Superior podem ser algumas das palavras que mais se aproximam desse conceito.

Um Ter Humano focado totalmente na existência material, terá uma ideia da vida  como um carrossel entre prazer e sofrimento, conforme aquilo que possui e em que se viciou mental e emocionalmente: Coisas, pessoas ou hábitos. 

Mas um Ter Humano com uma consciência espiritual do ser, relativizará tudo o que acontece no espaço-tempo pois ele sabe que não é daqui. Está apenas de passagem. A marca que aqui deixar, especialmente a que se aproxima mais daquilo que normalmente se chama arte, filosofia ou expressão genuína do ser, também é eterna. Sem medos pois todas as coisas físicas perecerão, tanto os anéis como os dedos. 

Só o amor é eterno.

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